sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Crítica de Cinema
Uma das críticas que mais gostei de escrever foi essa sobre o filme As 14 Estações de Maria, saiu no Blog Cinema na Veia.
14 Estações de Maria (Kreuzweg) Alemanha - Cor, 110min - 2014
A Bíblia, que levou milhares de anos sendo escrita e é considerada por bilhões de pessoas como palavra de Deus, já inspirou grandes obras de arte.
Este filme alemão do diretor Dietrich Brüggemann, mostra o martírio de uma adolescente cristã,Maria( Lea Van Acken, excelente atuação) seguidora de uma linha ultra-conservadora que não aprova o Concílio Vaticano II, ainda reza missa em latim, continua com as mesmas práticas medievais, e terminam alçando o demônio que juram combater a protagonista esquecendo do Amor que Cristo pregava.
A peversidade da mãe(Franziska Weisz) é tão bem exibida que há um gozo sádico nas expressões da ótima atriz. O pai é de uma passividade revoltante. Dos três irmãos menores, o mais novo de quatro anos se recusa a falar e essa "doença" será o catalisador que Maria encontra pra sua fuga rumo ao Paraíso.
A empregada Bernadette(Lucie Aron) estrangeira que fala mal o alemão, é admirada por Maria por ser madura, ou seja, normal!
E o doce amiguinho da escola,Christian(Moritz Knapp), -- que achei que poderia ter um nome mais "satânico", Lucious , ou contestador Jörg Mario por exemplo, já que ele canta Gospel e Soul, além do divino Bach, no Coral -- é uma tentação de carne e osso e vida prosaica, bom demais pra permitido na lógica insana deles.
A cena dos colegas de escola põe a questão da tolerância en passant. O que é tolerância? Qual o limite da liberdade e autoridade se houver risco à vida?
Completamente enredada na lavagem cerebral dos fanáticos, Maria segue as 14 Estações de Cristo que são intertítulos do filme, na mesma via crucis sadomasoquista, mas em pleno século XXI.
É um filme para estômagos fortes, com câmera parada que lembra Kenji Mizogushi (também no sofrimento); talvez fosse melhor classificado commo filme de terror! O esvaimento do corpo anoréxico de Maria é um pálido reflexo do que aconteceu com a mente dela.
Alguém desavisado poderia considerar uma ficção absurda, inexistente. Mas , por incrível coincidência, há poucos dias houve em Nova Friburgo o encontro de um grupo Católico ultra conservador que se rebela contra o Papa Francisco, nega o holocausto, e educam crianças da mesma forma vista no filme.
Talvez a passagem do politeísmo onde os deuses tinham qualidades humanas para o monoteísmo tenha afastado demais certas pessoas peversas das maravilhosas qualidades terrenas, entre as quais, tomar sorvete. cantar em coral e fazer bons filmes como este!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário