Mês passado no CCBB RJ
houve  a mostra Novo Cinema indiano com curadoria de  Shankar Mohan e
Carina Bini. Todas  as  sessões lotaram, sendo inexplicável não
serem lançados no circuito comercial. Não vi todos  os filmes, mas 
gostei de  todos que  vi. Seguem as  impressões  que  me  deixaram:
CINEMAWALA
Dir.: Kaushik
Ganguly/2015/105min
Uma homenagem aos
filmes  em  película, aos  cinemas antigos e  o conflito de 
gerações. Sem ser maçante também mostra  a questão ética
totalmente ligada à  estética. Um  elenco excelente! Deu saudade do
volume  e textura das películas, ainda não há isso no digital.
ILHA DE MUNROE
(Mundro Thuruth)
Dir.: Manu/2015/92min
Primeiro filme  desse
diretor, começou muito bem! Um drama com elenco fascinante em uma 
ilha paradisíaca, a história simples  de um pai que  leva  o filho
delinquente  para  passar  uns  dias  com o avô ingênuo que pensa
em tratar  o neto adolescente com a medicina  tradicional da Índia.
O jovem rejeita os usos e  costumes do avô, prefere refrigeramte e
Kit-kat. O conflito que no começo parece tragicômico descamba  para
 a  tragédia. E não é isso que acontece quando a Cultura de um
povo é  destruída?
GERAGALU
Dir.: Nikhil
Manjoo/2015/90min
Achei o mais fraco e
como a  foto da  divulgação mostrava o ator caracterizado para
Yakshagana, a expectativa  era  de  ver mais dança e a 
representação: as poucas  cenas são lindas. Há erro de 
continuidade em uma  cena e uma  cena  engraçada  com a foto do Papa
Francisco. O resto é a  questão do ego enorme e o neto do ator
chega para salvá-lo da auto-destruição. 
O OVO DO CORVO
(Kaaka Muttai)
Dir.: M.
Manikandan/2014/109
Filmes  onde  há
crianças  costumam ser  sempre bons, mas  esse  é muito mais que 
isso. Os  dois atores mirim trabalham melhor  que  muita gente 
grande. A miséria de lá  é nossa  conhecida antiga por isso não
causa  espanto. E toda  a saga para provar pela primeira  vez  na
vida  uma  pizza seria surreal se não fosse tão comum. Um filme 
inesquecível!
O FAZEDOR DE CAIXÃO
(The Coffin Maker)
Dir.: Veena
Bakshi/2013/123min
A diretora veio do
mundo da publicidade, logo o filme tem as marcas desse defeito.
Porém, além de  filmado em uma aldeia de Goa, possui um humor e
mesmo a cena  de um  jogo de  xadrez entre a morte e Anton, inspirado
em Bergman que se  inspirou em uma pintura de  uma  igreja, consegue
fugir dos estereótipos: o jovem que faz a morte é um galã. E o
herói Anton é um homem desesperançado. E o tema dos desejos e
ausência deles está sempre atual.
PUNHALADA NO CORAÇÃO
(Katyar Kaljat Ghusali)
Dir.: Subodh
Bhave/2015/161min
O único filme de
Bolywood, longo e eletrizante do começo ao fim. A questão da
garganta de  onde  sai a  voz estar  localizada entre o coração e o
cérebro é mostrada com cantos de  uma  beleza exótica, com vozes
belíssimas e o drama exagerado que lembra as novelas  mexicanas, às
 vezes   dando o efeito contrário , em vez de  lágrimas, risos, de 
tão exagerado. Mas em um país  como o nosso onde  o EGO de certos
cantores é maior que  a  voz  e o talento, foi inevitável a 
comparação. Filme  aplaudido no final.
QUE ASSIM SEJA
(ASTU)
Dir.: Sumitra Bhave e
Sunil Sukhtankar/2014/135min
Esse filme  deveria
passar em circuito  urgente! É sobre o Alzheimer, as consequências
e os conflitos que causa, sem deixar  de  ir  além: mostra que
memória e  esquecimento são entremeados por mal entendidos e
reações que vão além de  saúde e  doença, tempo passado e 
futuro, tocando em sentimentos como afeto e solidariedade que são
atemporais e imemoriais. A cena mais bonita e foi usada na 
divulgação é  do velho, a criança e a  elefante deitada, todos
dormindo o sono tranquilo dos  inocentes.  
 
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