Caderno de 8cm X 5cm para escrever haicais, aforismos, enfim, micro-ditos, como estes:
Horizontes abertos aos montes
A m p l i d ã o d e v i d a
@ @ @
Qual o significado
Nunca antes encontrado
De algo ignorado?
sábado, 29 de dezembro de 2018
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
Três filmes tristes e belíssimos!
Vi no Festival do Rio 2018 três filmes daqueles para se ver com lenços ensopados de lágrimas. E a beleza deles é daquela que impregna na memória. É bom saber que pessoas de países tão diferentes se preocupam com o que importa de fato e esmiuçam.
Cafarnaum, libanês, de Nadine Labaki conta a saga de Zain, um menino de rua que processa os pais. É o retrato 3 X 4 sobre o que há em tantos países. Há também uma imigrante e seu bebê fofo, mãe exemplar ao contrário da mãe do pequeno heroi. Atores maravilhosos e os lados do problema sem maniqueísmo. As entranhas da miséria nunca são agradáveis de se ver, porém, com uma edição habilidosa e uma conclusão simples e precisa, a diretora conseguiu fazer uma obra-prima, premiada com o grande prêmio do Júri no Festival Cannes.
Guerra Fria, polonês, de Pawel Pawlikowski, mesmo diretor do premiado Ida. Como o nome diz trata daquele tempo de sofrimento, angústia, um sufocamento que a beleza das músicas folclóricas do começo escorraça. Nenhuma tortura é mostrada, a odiosa ausência de liberdade não é dita em discursos panfletários. Tudo está lá sob uma história de amor impossível de ter final feliz. É tão pouco tempo de filme onde coube tão bem o horror daquela época. As músicas são lindas.
Assunto de Família, japonês, de Hirokazu Koreeda, ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Uma história de uma criança que sofre maus tratos e é acolhida em outra família, sem que os pais biológicos saibam, ou seja, legalmente, é sequestrada.... Mas a dimensão humana comporta Leis estáticas? As múltiplas qualidades que uma pessoa pode ter e que passam despercebidas da maioria das pessoas e das instituições são escancaradas com leveza. Fica evidente que os julgamentos precipitados sem saber o passado de alguém são sempre injustos. As vítimas mais vulneráveis e nunca ouvidas são as crianças, óbvio. O erro de considerar os pais biológicos aptos a criar os filhos sem acompanhamento na credulidade de um amor inato parece ser universal. E as crianças infelizes, maltratadas, provavelmente serão adultos infelizes que maltratarão ou serão maltratados, em um círculo vicioso. Como quebrá-lo?
O incrível nestes três filmes, além da beleza das cenas, dos atores excelentes, das histórias cativantes, é a percepção que temos aqui fora, imersos na escuridão da sala de cinema, de que tudo poderia ser diferente se... se... se...
Mas não é diferente; por isso choramos.
Cafarnaum, libanês, de Nadine Labaki conta a saga de Zain, um menino de rua que processa os pais. É o retrato 3 X 4 sobre o que há em tantos países. Há também uma imigrante e seu bebê fofo, mãe exemplar ao contrário da mãe do pequeno heroi. Atores maravilhosos e os lados do problema sem maniqueísmo. As entranhas da miséria nunca são agradáveis de se ver, porém, com uma edição habilidosa e uma conclusão simples e precisa, a diretora conseguiu fazer uma obra-prima, premiada com o grande prêmio do Júri no Festival Cannes.
Guerra Fria, polonês, de Pawel Pawlikowski, mesmo diretor do premiado Ida. Como o nome diz trata daquele tempo de sofrimento, angústia, um sufocamento que a beleza das músicas folclóricas do começo escorraça. Nenhuma tortura é mostrada, a odiosa ausência de liberdade não é dita em discursos panfletários. Tudo está lá sob uma história de amor impossível de ter final feliz. É tão pouco tempo de filme onde coube tão bem o horror daquela época. As músicas são lindas.
Assunto de Família, japonês, de Hirokazu Koreeda, ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Uma história de uma criança que sofre maus tratos e é acolhida em outra família, sem que os pais biológicos saibam, ou seja, legalmente, é sequestrada.... Mas a dimensão humana comporta Leis estáticas? As múltiplas qualidades que uma pessoa pode ter e que passam despercebidas da maioria das pessoas e das instituições são escancaradas com leveza. Fica evidente que os julgamentos precipitados sem saber o passado de alguém são sempre injustos. As vítimas mais vulneráveis e nunca ouvidas são as crianças, óbvio. O erro de considerar os pais biológicos aptos a criar os filhos sem acompanhamento na credulidade de um amor inato parece ser universal. E as crianças infelizes, maltratadas, provavelmente serão adultos infelizes que maltratarão ou serão maltratados, em um círculo vicioso. Como quebrá-lo?
O incrível nestes três filmes, além da beleza das cenas, dos atores excelentes, das histórias cativantes, é a percepção que temos aqui fora, imersos na escuridão da sala de cinema, de que tudo poderia ser diferente se... se... se...
Mas não é diferente; por isso choramos.
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
O Grande Circo Místico, o filme
Que poema inspirador
este do Jorge de Lima, deu pano pra manga: um espetáculo com
músicas lindas de Chico Buarque e Edu Lobo e agora o filme de Carlos
Diegues.
O Circo de picadeiro
circular, círculo, redondo como nossa Terra a rodopiar por aí na
Via Láctea. Todos os povos sempre ao redor de fogueira, brincando,
conversando, dançando, de tempos imemoriais até hoje, no século
XXI que foi o das ficções científicas da literatura e cinema, às
vezes distópicas.
Sob a lona toda a
fauna e todas as emoções, há curiosidades: uns bichos são
artistas e uns humanos assistem e aplaudem igual crianças, o leão Nero não devora o
homem. Aqui proibiram animais em Circos com a desculpa de
maus-tratos, como se não houvessem maus tratos aos bichinhos de
estimação em lares-doces-lares… Filmaram em Portugal.
Quem não leu o
poema não capta certas ironias e detalhes, mas mesmo assim nada é
incompreensível. A personagem Celavi ( soa como “é a vida” em
francês), criada para o filme, é genial! Não envelhece em um
século, afinal , a Vida não envelhece.
As datas escolhidas
e as situações mostram a história do Brasil. No começo do séc.
XX, antes das Guerras terríveis, o mundo do progresso onde o
cinema anunciava mudanças enormes – para o bem e para o mal –
era cheio de esperança. Na ditadura as drogas pesadas chacoalhando
as estruturas de qualquer pessoa sensível. E hoje em dia a
decadência e pobreza, em tempos de realidade virtual, onde a
realidade verdadeira e concreta se esfacela junto com a imaginação
individual.
Contudo a crença
fiel no que é importante – Cultura, alegria, imaginação, magia,
resiliência, etc. – leva ao final poético( não leia se não viu
o filme): sob lona rota e esfarrapada as gêmeas puras fazem um espetáculo
mágico, sob os olhares embevecidos dos homens poderosos, da mãe
mística, dos empregados, de Celavi, em imensa alegria e leveza
contestam a Lei da gravidade… em tempos em que malucos afirmam a
Terra ser plana, tudo é possível, hahahaha! E Celavi diz: “Hoje
é de graça!”, a ambiguidade deixa ao gosto do Respeitável
Público: escolha o sentido que lhe aprouver a esta “graça”.
Não custa nada: imaginar é sempre grátis!
Ainda há de brinde
durantes os créditos no letreiro final a bela canção Na Carreira
que sintetiza tão bem a alma do artista.
Em outro filme, Cacá Diegues disse Bye, Bye Brasil. Neste há um Brasil que persiste apesar dos
pesares, e se recusa a dizer “ Adeeeeeeeeeeus!”
Oxalá, resista!
Oxalá, resista!
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