(
surrealista)
é
caminho de casa o que passa na tv de fato nada é
constatado exceto a morte do cão adestrado no deserto por ter
caído do camelo de mudança sobrecarregado com toucas e
louças e roupas e tantas geringonças passam no céu sempre
azul sem nuvem alguma ou sem nada de bom pra que haja a
vida de verdade e assim mesmo Rimbaud gostou tanto de lá que
de lá nunca mais voltou exceto para morrer e ser alçado
ao poeta mor da novidade e da beldade embora entre tantos
houvesse também um Cruz e Souza a dizer belas palavras
silentes e salgadas com o gosto da palavra amargada na alma
estonteante e nodosa, (sermões ou sertões) e sendas são
sobretudo sonhos os delgados pastos dos gaviões grandes querendo
bezerros pequenos desgarrados das mães e fragilizados sem mãe
igual o cão no deserto sem água e na areia escaldante vendo
a lua e sol e a solidão destroçante a caçoar da sua pobre
existência que sendo leve lépido ou lento não poderia
vencer a intempérie nem o vento e o calor e sede e
desarraigo desassossego desgostoso de dó dar na gente e de
saber que mais cedo ou mais tarde tudo se desfaz e
dissolve como pó no ar é mais vital e contumaz que se haja
sem parar que seja a vida já pois a qualquer hora chega o
fim apavorante de tanto ser certeza absoluta e inexorável
então viver é obrigatório e ser feliz é irrisório nem
fortuna de meretriz ou de quem quer que seja mas com certeza
a Rimbaud e Cruz o bezerro o gavião o cão o camelo e
quanto povo mais houve e houver todos serão como nas
histórias infantis felizes para sempre enquanto o sempre durar
e é tão pouco que parece desgosto de gente ao acabar o
doce preferido embora o compelido ar seja o ou vulgo suspiro a
forma certa e melhor para expressar o alívio de ainda se
estar vivo e ter caneta e papel para poder escrever em
qualquer forma que seja ou que dê na veneta e ser feliz
nesta eternidade momentânea enquanto todos os pensamentos ruins
são escorraçados para fora de mim só para eu poder sofrer
menos e lembrar melhores dias quando vierem me encontrarão
não igual ao cão morto, mas tal camelo trabalhando e roto
bebendo galões de água no oásis ou gavião degustando as
entranhas do bezerro bobo ou os poetas ao escreverem lindos
poemas em seus papéis de má qualidade embora suas mentes
geniais a nada disso achassem que importa posto serem tão
sabidos quanto o mais vivo ser do mundo inteiro ( como se
fosse possível saber quem seja) e negar esta verdade de
haver felicidade antes do fim é negar a própria existência
e é ser como um gado em essência e ser como um anjo é
insípido e incolor sem cheiro perfume nem fedor e aquele ar de
falsa felicidade que só têm os anjos os beatos e esse povo
crente em geral querendo sempre crer num Deus ou Deuses ou
diabos e etc. e tal pra poderem viver diz que melhor e não
vêem que só pioram e se transformam em bezerrinho bobo
desentranhado no pascigo mais ermo e desvalido em própria
vida e se parecem com fantasmas inóspitos voando sem lençóis
e discos vinis furados repetindo o que lhes foi ensinado e de
todos os modos repetem como os carneirinhos e carneirões da
musiquinha cujo objetivo é ser a mais bonitinha e
embaladinha no papel de seda com fitas de cetim transforma os
seres humanos desde crianças em capachos tristes e tão
obsoletos e desvalidos e defazados e fudidos e mal pagos como
dizem na vulgar linguagem que ao sexo associam tanta
desgraça quando na verdade é a maior das graças e a
melhor diversão quase totalmente de graça e ainda por cima
uma questão de saúde é tão vital que afasta a mente da
impactante paura do fim e doravante nada que escreva aqui fará
mais
sentido
pois o surrealismo é assim não se deve pensar antes e nem
depois? me parece que sim mas como todo bom pensante eu
penso e muito e resolvo todos os conflitos os ditos e não
ditos os malentendidos que em inglês é tão lindo
misunterstand mas verbo no infinito é igual a vida no
abismo não sei porque digo isto ou qualquer que seja a
asneira embora pareça um sério problema de zonzeira ou ataque
de monomania igual teve o tal do Leão do Qorpo Santo e seu
fulano de tal chamou assim só por o pobre escrever sem
parar e parecer um bem mal doente quando era gênio tal
Artaud que levou choque até dizer chega e ser é tão vital
e tão importante quanto viver e quanto a felicidade de
saber ou de sentir ou de apenas comer o doce merengue não
mas pudim sim e tantos outros ou pizza e delícias afins
mas por hoje acho que vou embora dormir e espero sonhar
com todos vivos e saltitantes até as dunas de areia e
seus rastros se esfumaram com o vento e o tempo e a nós
restou apenas a saudade e esta caneta acabou
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