domingo, 10 de fevereiro de 2019

Poema Surrealista



                                                                                                ( surrealista)

é caminho de casa o que passa na tv de fato nada é constatado exceto a morte do cão adestrado no deserto por ter caído do camelo de mudança sobrecarregado com toucas e louças e roupas e tantas geringonças passam no céu sempre azul sem nuvem alguma ou sem nada de bom pra que haja a vida de verdade e assim mesmo Rimbaud gostou tanto de lá que de lá nunca mais voltou exceto para morrer e ser alçado ao poeta mor da novidade e da beldade embora entre tantos houvesse também um Cruz e Souza a dizer belas palavras silentes e salgadas com o gosto da palavra amargada na alma estonteante e nodosa, (sermões ou sertões) e sendas são sobretudo sonhos os delgados pastos dos gaviões grandes querendo bezerros pequenos desgarrados das mães e fragilizados sem mãe igual o cão no deserto sem água e na areia escaldante vendo a lua e sol e a solidão destroçante a caçoar da sua pobre existência que sendo leve lépido ou lento não poderia vencer a intempérie nem o vento e o calor e sede e desarraigo desassossego desgostoso de dó dar na gente e de saber que mais cedo ou mais tarde tudo se desfaz e dissolve como pó no ar é mais vital e contumaz que se haja sem parar que seja a vida já pois a qualquer hora chega o fim apavorante de tanto ser certeza absoluta e inexorável então viver é obrigatório e ser feliz é irrisório nem fortuna de meretriz ou de quem quer que seja mas com certeza a Rimbaud e Cruz o bezerro o gavião o cão o camelo e quanto povo mais houve e houver todos serão como nas histórias infantis felizes para sempre enquanto o sempre durar e é tão pouco que parece desgosto de gente ao acabar o doce preferido embora o compelido ar seja o ou vulgo suspiro a forma certa e melhor para expressar o alívio de ainda se estar vivo e ter caneta e papel para poder escrever em qualquer forma que seja ou que dê na veneta e ser feliz nesta eternidade momentânea enquanto todos os pensamentos ruins são escorraçados para fora de mim só para eu poder sofrer menos e lembrar melhores dias quando vierem me encontrarão não igual ao cão morto, mas tal camelo trabalhando e roto bebendo galões de água no oásis ou gavião degustando as entranhas do bezerro bobo ou os poetas ao escreverem lindos poemas em seus papéis de má qualidade embora suas mentes geniais a nada disso achassem que importa posto serem tão sabidos quanto o mais vivo ser do mundo inteiro ( como se fosse possível saber quem seja) e negar esta verdade de haver felicidade antes do fim é negar a própria existência e é ser como um gado em essência e ser como um anjo é insípido e incolor sem cheiro perfume nem fedor e aquele ar de falsa felicidade que só têm os anjos os beatos e esse povo crente em geral querendo sempre crer num Deus ou Deuses ou diabos e etc. e tal pra poderem viver diz que melhor e não vêem que só pioram e se transformam em bezerrinho bobo desentranhado no pascigo mais ermo e desvalido em própria vida e se parecem com fantasmas inóspitos voando sem lençóis e discos vinis furados repetindo o que lhes foi ensinado e de todos os modos repetem como os carneirinhos e carneirões da musiquinha cujo objetivo é ser a mais bonitinha e embaladinha no papel de seda com fitas de cetim transforma os seres humanos desde crianças em capachos tristes e tão obsoletos e desvalidos e defazados e fudidos e mal pagos como dizem na vulgar linguagem que ao sexo associam tanta desgraça quando na verdade é a maior das graças e a melhor diversão quase totalmente de graça e ainda por cima uma questão de saúde é tão vital que afasta a mente da impactante paura do fim e doravante nada que escreva aqui fará mais
sentido pois o surrealismo é assim não se deve pensar antes e nem depois? me parece que sim mas como todo bom pensante eu penso e muito e resolvo todos os conflitos os ditos e não ditos os malentendidos que em inglês é tão lindo misunterstand mas verbo no infinito é igual a vida no abismo não sei porque digo isto ou qualquer que seja a asneira embora pareça um sério problema de zonzeira ou ataque de monomania igual teve o tal do Leão do Qorpo Santo e seu fulano de tal chamou assim só por o pobre escrever sem parar e parecer um bem mal doente quando era gênio tal Artaud que levou choque até dizer chega e ser é tão vital e tão importante quanto viver e quanto a felicidade de saber ou de sentir ou de apenas comer o doce merengue não mas pudim sim e tantos outros ou pizza e delícias afins mas por hoje acho que vou embora dormir e espero sonhar com todos vivos e saltitantes até as dunas de areia e seus rastros se esfumaram com o vento e o tempo e a nós restou apenas a saudade e esta caneta acabou


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